segunda-feira, 31 de outubro de 2011
"eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. sabia só que doía, doía. sem remédio. (...) 'il y a toujours quelque chose d'absent qui me tourmente' (...) para seu próprio bem guarde este recado: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo." (Caio F. Abreu; Existe sempre uma coisa ausente.)
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se ou lamuriar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques — tudo isso ajuda a atravessar agosto.
(Sugestões para atravessar agosto, in: Pequenas Epifanias)
(Sugestões para atravessar agosto, in: Pequenas Epifanias)
Mas o que houve — o tropeço, o solavanco, o esbarrão, a tosse no meio da área lírica —, o que houve foi um pensamento impiedoso e exatamente assim: não faço parte disso.
Não uma dúvida, mas uma certeza. Absoluta.
Sem inveja nem mágoa, revolta ou vontade furiosa de que pudesse ser de outra forma. Secamente, definitivamente, eu não fazia parte daquilo. (…) Por razões que não sei explicar; e nem precisariam tentar ser explicadas porque eram e, pior, continuam sendo completamente indiscutíveis.
Eu não fazia parte, e pronto.
(Caio Fernando Abreu. Agostos por dentro, in: Pequenas Epifanias)
Não uma dúvida, mas uma certeza. Absoluta.
Sem inveja nem mágoa, revolta ou vontade furiosa de que pudesse ser de outra forma. Secamente, definitivamente, eu não fazia parte daquilo. (…) Por razões que não sei explicar; e nem precisariam tentar ser explicadas porque eram e, pior, continuam sendo completamente indiscutíveis.
Eu não fazia parte, e pronto.
(Caio Fernando Abreu. Agostos por dentro, in: Pequenas Epifanias)
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