"Mas, aos poucos, aprendi a ser indiferente a mim e às minhas deficiências; aprendi a dirigir a atenção, cda vez mais, aos objetos externos: as condições em que se achava o mundo, os diversos ramos do conhecimento, as pessoas de que gostava. É verdade que os interesses externos sempre trazem suas própris possibilidades de dor: o mundo pode entrar em guerra, a aquisição de certos conhecimentos pode mostrar-se difícil, os amigos podem morrer. Mas as dores desse tipo ão nascem do desgosto por si mesmo. E todo interesse externo inspira alguma atividade que, enquanto este interesse se mantém vivo, é um preventivo eficaz contra o ennui (tédio).
Em contrapartida, o interesse em si próprio não conduz a nenhuma atividade de natureza progressiva. Pode nos compelir a escrever um diário, a procurar um psicanalista ou a querer ser monge. Mas um monge não será feliz enquanto a rotina do mosteiro não o fizer esquecer sua própria alma. (...) A disciplina externa é o único caminho que leva à felicidade aqueles desventurados, cuja introspecção é tão profunda que não têm nenhum outro modo de cura."
RUSSEL, Bertrand. A conquista da felicidade. p. 15.
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